19/09/2019 às 17h57min - Atualizada em 19/09/2019 às 17h57min

Pega e paga: entenda a polêmica envolvendo o vale refeição dos servidores de Ibitinga

Funcionários públicos estão insatisfeitos com a nova administração do vale refeição. Reunião nesta quinta-feira buscou alternativas para melhorar o serviço segundo servidores.

Portal Ternura
Reunião teve início às 14h e terminou às 15h. Foto: Lorenzo Santiago / PORTAL TERNURA
 
Lorenzo Santiago
Nesta quinta-feira (19) ocorreu uma reunião no auditório da Prefeitura Municipal  da Estância Turística de Ibitinga, para discutir sobre a situação da aquisição do novo ticket alimentação para os servidores públicos municipais. Estiveram na reunião os representantes do Sindiserv (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Ibitinga), o Secretário de administração, Antonio Carlos Feitosa e diversos funcionários públicos.
A principal reivindicação dos servidores é sobre o número de supermercados que aceitam o novo vale alimentação. Até hoje, apenas um supermercado estava acertado com a Family Card, empresa que venceu a licitação deste ano.
HISTÓRICO
Até 2014, a Prefeitura pagava o vale refeição dos funcionários com cestas básicas. A partir de então, o poder público começou a pagar em forma de cartão Ticket Alimentação. Para isso, foi preciso abrir um processo licitatório, para escolher a empresa que seria responsável por administrar os cartões.
No primeiro contrato, a empresa Sindiplus venceu e assinou um contrato de 5 anos, que venceu agora no mês de setembro (por lei renovável por 60 meses). O novo processo foi aberto em julho deste ano, e sete empresas participaram do processo e apenas a Sindiplus e a Family Card ficaram até o último lance. As duas empresas ofereceram os mesmos valores para a Prefeitura. O desempate ocorreu por conta de a Family Card ser uma microempresa.
O processo que não teve alterações de 2014, exigia que cada empresa apresentasse pelo menos um mercado e um supermercado. Passados 60 dias do contrato, a empresa vencedora precisaria ter pelo menos 15 estabelecimentos cadatrados, dentre mercados e supermercados. 
Com isso, a Family Card que atendeu a todos os requisitos assume no mês de outubro a nova gestão do ticket alimentação e dispõe para os trabalhadores os cartões no valor de R$ 368,00.

Representantes Paulo Cobo e Patrick Pereira da Family Card. Foto: Lorenzo Santiago / PORTAL TERNURA
 A ADMINISTRAÇÃO
O valor pago ao trabalhador continua o mesmo e só muda caso votado pelo plenário da Câmara e sancionado pelo Poder Executivo. A diferença está nos valores que a empresa vencedora oferece para o poder público e negocia com os mercados.
A Family Card venceu a licitação oferecendo um valor de 8,9% para os cofres públicos. Ou seja, dos R$ 368 que o trabalhador vai receber como ticket, a prefeitura paga R$ 335,24 e a Family Card completa com o restante (R$ 32,76). A empresa administradora lucra a partir dos contratos feitos com os mercados. Se a taxa oferecida pela empresa para o município está em 8,9%, ela tem de ser maior para os mercados.
Segundo os representantes da empresa que estiveram em Ibitinga, a taxa cobrada dos mercados pela empresa é 11%. Dessa forma, a cada 100 reais que o trabalhador gasta com o ticket, 11 ficam com a empresa. O mercado acaba deixando de ganhar este valor, como em uma linha de crédito. Em contrapartida, está na lista de gastos dos servidores municipais.
Feitosa ressalta que esses valores estão dentro do que o mercado tem se apresentado em todas as cidades: “A gente pesquisou nas cidades do interior e as taxas de juros estão neste mesmo valor, de quase 9 ou 10%” explicou o secretário.
PROBLEMAS
Os servidores alegam que há prejuízos nesse sistema. A começar pelo número de estabelecimentos que estão aceitando o cartão. Apenas um único supermercado fechou o contrato com a empresa. Os demais ainda estão em negociação. Os outros 14 estabelecimentos que a Family Card fechou contrato são mercados de porte menor.
Para os usuários do sistema, há problemas por dois motivos: atendimento e poder aquisitivo. Carlos Coqueiro trabalha na autarquia SAAE relata quais são os principais empecilhos para o trabalhador:“Os mercados menores não tem condições de atender a 1.400 funcionários que vão ter o ticket. Se 100 funcionários forem em um mercado menor desse o que acontece: não vai ter nem mercadoria, nem condição de atender a essas pessoas. Vai ficar o dia inteiro para fazer as compras. Além disso, se você for gastar em um mercado menor, o valor dos produtos são maiores, porque não tem promoção, por exemplo” explica Carlos.
Os funcionários apontaram na reunião um outro problema. Conforme a Family Card apresenta uma taxa para um mercado, ela tem que oferecer esse mesmo valor para todas. Dessa forma, os mercados menores têm uma diminuição do valor arrecadado por produto e são obrigados a aumentar o preço de forma geral, o que diminui o poder de compra dos servidores.  
A EMPRESA
A Family Card é uma microempresa de Tatuí que atua em 100 cidades nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. A empresa apresentou uma lista com 8 mercados que já estão fechados conforme determina o processo de licitação, sendo só o Vencedor Atacadista como supermercado considerado de porte grande.
Patrick Pereira é representante comercial da Family Card e esteve em Ibitinga para a reunião. Segundo ele “a empresa está em negociação com o Salinas, Jau Serv e Big Mart. A ideia é fechar com pelo menos um deles até a recarga do cartão dos trabalhadores”.
Ainda de acordo com o representante, as negociações estão em andamento, mas a análise dos valores pelas empresas é demorado, tanto nos mercados quanto nos supermercados.
“O que a gente tá vendo agora é que, independente da licitação, tem coisas que não estão atendendo a satisfação dos trabalhadores. A gente veio aqui pra ouvir o que está comprometendo os usuários do cartão” ressaltou Patrick.
O secretário não dá um prazo, mas espera que a situação seja resolvida em breve:“Eu acredito que em um mês, dois no máximo vai ser resolvido, até porque é interessante para os supermercados. A informação que eu tenho é de que atualmente é gasto num dos maiores supermercados da cidade, cerca de 300 a 400 mil por mês só com o ticket” finaliza o secretário.
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