30/08/2019 às 15h26min - Atualizada em 30/08/2019 às 15h26min

Contadora de histórias de Ibitinga será homenageada na Câmara dos Deputados

Juliana é considerada uma das poucas profissionais de contação de histórias em todo o Brasil.

Portal Ternura
Juliana Reame trabalha há 2 anos como contadora de história registrada. Foto: Jean Gomes
 
No dia 4 de setembro a ibitinguense Juliana Reame será homenageada na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). A contadora de história já tem 10 anos de trabalho de valorização da história e da própria profissão. O reconhecimento vem depois de 8 anos na informalidade. Mas a história de Juliana vai além das conquistas pessoais, e traz para Ibitinga uma representatividade em todo o país.
A contadora era professora da educação infantil quando descobriu que tinha habilidade para contar histórias. Dentro de sala de aula, a contação teve uma função pedagógica para Juliana: “Quando eu comecei a dar aulas eu percebi que as crianças tinham muita dificuldade em ler, escrever e eu fiquei com isso na cabeça. Então comecei a contar histórias dentro da sala de aula para alfabetizar os meus alunos, e foi algo que deu muito certo” relata Juliana.
O início ainda não tinha revelado a possibilidade de trabalhar com algo que a contadora não só amava, como fazia desde cedo. Contar histórias e encenar sempre foi um hobbie de Juliana, mas a relação com a história deu um salto depois da contratação como contadora: “Eu sempre contei histórias dentro da sala de aula e nos momentos livres. Em aniversários de amigos, festa de conhecidos, eu sempre levava um violão e as histórias. Mas minha vida com a profissão só mudou depois da Assari” relembra.
A Associação de Artes de Ibitinga é uma instituição de fundo social, cultural e artístico. Tem como objetivo fomentar atividades culturais na cidade. Em 2017 a Assari convidou Juliana para integrar um projeto de contação de histórias na cidade, o que foi a realização de um sonho para a mulher de 35 anos.
Depois de começar a trabalhar com histórias, Juliana percebeu que o movimento de contadores é muito grande em todo o Brasil. São profissionais em todo o território nacional que trabalham diariamente levando histórias para escolas, hospitais, asilos e instituições em quase todos os estados.
“O primeiro grupo que eu conheci foi uma associação de Brasilia (Amigos das Histórias). Em novembro de 2017 eles me convidaram para participar do encontro. E lá eu conheci um universo muito grande. Conheci contadores de história da Amazônia, e foi ai que eu percebi que estava no caminho certo” relata Juliana.
Segundo a contadora, o Norte e o Nordeste tem uma cultura de valorização do profissional. Os profissionais que trabalham com a oralidade recebem respaldo do poder público em muitos estados como Maranhão, Sergipe, Tocantins, dentre outros.
“O Maranhão tem 5 contadores profissionais e 1 contadora em libras. Sergipe tem contadora, Brasília tem um movimento maravilhoso de luta pela regulamentação do profissional” explica Juliana.
Nesse contexto, Ibitinga incentiva a cultura de contação de histórias. A cidade é uma das poucas que tem uma contadora com registro em carteira, que leva a contação para todas as escolas do município.
Histórias transformadoras
Juliana cresceu com os avós e tios em um ambiente de muita musicalidade. O contato com a viola desde cedo ajudou a contadora a tocar e desenvolver os sons e ritmos em tudo que fazia. “Graças a essas pessoas eu tenho o contato com a arte e a literatura. Eu sou uma contadora de histórias graças a essas figuras. A minha vó é uma figura importantíssima na minha vida” relembra Juliana.

"Eu agradeço muito a todos os meus familiares pela vida perfeita que eles construíram para mim" conta Juliana Reame. Foto: Diego Mádaro
Mesmo tendo função dentro da sala de aula, as histórias revelaram ter um impacto para quem lê e ouve nas contações. “Eu tinha a dimensão que a leitura é transformadora na vida das pessoas, e a partir da história eu comecei a despertar o interesse nas crianças. As histórias tocam no coração de quem ouve e quem lê, e isso muda a perspectiva e os sonhos das pessoas” explica a contadora.
Mas para alcançar os objetivos, a história não pode somente ser lida. Existe uma performance e uma preparação para possibilitar que o trabalho seja contagiante. É necessário escolher a história, o figurino, os recursos visuais, fazer adaptações nas histórias de acordo com a faixa etária do público. Além do treinamento com a voz e postura.
O trabalho de transmitir de forma oral os contos valoriza a leitura como um todo. “O livro é um bem cultural, mas para tocar as pessoas ele precisa ser transmitido a partir da contação de histórias. Sejam profissionais ou não, a gente tem que transmitir de alguma forma a literatura e em grande parte das vezes isso é feito de forma oral” opina Juliana.
A luta pela regulamentação deste exercício profissional é protagonizado pela Associação Amigos da História de Brasília. O grupo tem um projeto de lei já encaminhado para uma deputada federal com o objetivo de normatizar o trabalho.
Juliana é uma das pessoas que milita por isso no Brasil. Além de já ter ganho prêmios, Reame vai até Brasília para contar a experiência e o trabalho realizado em Ibitinga para trocar experiências e contar, o que de positivo é feito na cidade, que pode ser aplicado em outros lugares.
 
 

 
 
 
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