20/08/2019 às 15h51min - Atualizada em 20/08/2019 às 15h51min

Como a ETEC mudou a cidade de Ibitinga

Fundada em 2006 na cidade, instituição de ensino abre novo curso neste semestre, com o objetivo de formar alunos em diferentes áreas.

Portal Ternura
Escola Técnica municipal foi fundada em 2006 depois de mais de 3 anos de estudo para a implementação. Diego Mádaro / PORTAL TERNURA
 
A ETEC de Ibitinga é um dos pólos de produção de conhecimento no município. Fundada há 13 anos, a chegada da unidade do Centro Paula Souza significou uma mudança de paradigma na cidade que tinha como principal fonte de renda o bordado. A chegada de uma nova unidade de ensino técnico mudou a dinâmica do município e da região, possibilitando uma nova formação profissional para centenas de jovens. 
O Centro Paula Souza é uma autarquia do Governo do Estado de São Paulo, vinculada à secretaria do Desenvolvimento Econômico. Responsável por administrar ETECs e FATECs, e tem quase 300 mil alunos matriculados em 321 municípios no estado. Todas as cidades contempladas com uma unidade de ensino técnico tem a estrutura de ensino alteradas. 
Não à toa a ETEC tem o estigma de ‘elite’ do ensino médio público. Das 20 melhores escolas do ENEM em São Paulo no ano de 2018, 16 são de ensino técnico. Um fator que coopera com as altas notas das escolas técnicas no ENEM, é o grau de seleção para a matrícula. Todas as unidades de ensino do centro tem um vestibular que faz a seleção dos alunos. O curso de Serviços Jurídicos de Ibitinga, por exemplo, teve na primeira turma uma concorrência de mais de 4 alunos por vaga. 
A qualidade do ensino é um dos grandes motivos para essa mudança de perspectiva da cidade. Muitas cidades da região começam a ver um fluxo de alunos rumo às ETECs. Para Gustavo de Souza Gabriel, coordenador do curso técnico em Serviços Jurídicos, os cursos se justificam pela demanda e pelo perfil das pessoas que buscam a matrícula: “Temos muitos alunos de Tabatinga, Itápolis, além dos de Ibitinga. No curso de Serviços jurídicos, por exemplo, temos alunos que já fazem estágio em fóruns, cartórios, o que amplia esse conhecimentos e promove a inserção no mercado de trabalho”. 
O impacto em Ibitinga
O ensino das escolas técnicas visa a formação básica global dos estudantes. A importância da instrução em diversas áreas ultrapassa os limites da sala de aula. Isabel Morcelli é vice-diretora da ETEC de Ibitinga (diretora em exercício na ausência de Patrícia Capelatto Ferreira). Para ela, é possível observar a diferença de conhecimento dos alunos que entram e começam a prestar os cursos como o de Serviços Jurídicos: 
“Essa formação coopera muito na percepção do aluno em relação ao poder público e dos direitos básicos como cidadão. Por exemplo, a gente levou os alunos para a Câmara Municipal e percebeu que a maioria nunca tinha entrado na câmara e desconhecia o fato de que podia entrar lá” afirmou Isabel. 
Os cursos oferecidos pelas ETECs se renovam periodicamente. A cada ciclo, são pensadas novas aulas e especializações conforme a demanda da comunidade em que a unidade de ensino está inserida. Para se criar um novo curso, a coordenação pedagógica da ETEC precisa apresentar para o Centro Paula Souza a importância daquela formação na realidade socioeconômica de cada município. Para isso, a instituição precisa apresentar apoios institucionais de âmbito local.
“Pegamos apoio de juízes da cidade, promotoria, delegados, OAB, dentre outras entidades e profissionais. Então a comunidade viu a necessidade encampou e nos apoiou” explicou Gustavo de Souza em relação ao início das aulas no campo do Direito.
Mas a criação do curso de Serviços Jurídicos partiu de cima para baixo. “No início dos anos 2000 o Tribunal de Justiça de São Paulo procurou o centro e pediu para que fosse criado um curso de disciplinas básicas de direito, a fim de promover as noções básicas de cidadania, que não são passados no ensino médio: estrutura do estado, direitos individuais e coletivos, além da visão geral da administração pública, direito trabalhista, prática de processo civil e penal, inglês técnico, português técnico, planejamento operacional… Então se criou um curso focado em disciplinas jurídicas, que também dá outras disciplinas para dar uma formação global ao aluno” relembrou o coordenador do curso.

A escola técnica de Ibitinga tem alunos de todas as cidades da região. Foto: Diego Mádaro / PORTAL TERNURA
 
A mudança na realidade e no contexto de Ibitinga acontece à medida que mais pessoas vão se formando e se especializando em diferentes áreas. A começar pelos conhecimentos primários sobre os direitos da população: 
“Todos os cursos não só da ETEC, mas do Centro Paula Souza, tem uma disciplina de Ética e Cidadania Organizacional, onde se aprende o básico sobre a esfera pública. Para as pessoas conseguirem ter um senso crítico, podendo pensar e agir perante a sociedade, sem agir conforme o senso comum. Infelizmente hoje é muito pobre o conhecimento dos poderes, ninguém sabe diferenciar o que é poder legislativo, judiciário e executivo. Que para uma lei ser aprovada ela precisa primeiro ser discutida” explica a vice-diretora Isabel Morcelli. 
Em uma cidade que tem como principal fonte de renda o bordado há anos, a capacitação de pessoas em outros ramos possibilita um movimento na economia local. Outras possibilidades de emprego e geração de renda mudam o contexto da cidade de Ibitinga como um todo. Prova disso é que muitos alunos formados na ETEC de Ibitinga seguem caminhos distintos, gerando uma gama de opções para a comunidade.
“Temos vários alunos que tiveram inserção imediata no mercado de trabalho, outros que entraram graduação, outros que melhoraram a posição e qualificação profissional nas empresas que estavam, outros que mudaram os rumos da carreira para outros cursos. Além disso, tivemos alguns projetos que foram aprovados para eventos internacionais” relata Gustavo de Souza.
Perfil da ETEC na cidade
A escola técnica de Ibitinga tem hoje dois contextos no mesmo espaço. Na parte da manhã e tarde, o ETIM (ensino médio e técnico) tem alunos que cursam o ensino médio regular, com disciplinas do ensino médio determinadas pelo MEC, em conjunto com outras duas habilitações técnicas: desenvolvimento de sistemas ou administração. Esses alunos têm de 14 a 17 anos. 
A outra realidade são dos cursos noturnos chamados de modulares, com duração de 1 ano e meio. São oferecidos neste período os cursos técnico em desenvolvimento de sistemas, RH, Administração, Contabilidade e, agora, Serviços Jurídicos. 

As unidades do Centro paula Souza atendem, hoje, quase 300 mil alunos em 321 municípios em todo o estado. Foto: Diego Mádaro / PORTAL TERNURA
 
Gustavo explica que “Essas realidades são diferentes porque hoje, temos tanto alunos do ensino médio, quanto alunos com mais idade, que já pararam de estudar há algum tempo, ou já se formaram, tem Pós-Graduação ou até que já fizeram outros cursos aqui conosco. A gente tem uma boa parte de alunos que já fez cursos aqui com a gente antes”. 
Para a vice-diretora, o ensino a escola tem “um eixo muito amplo: Administração, Marketing, Serviços Jurídicos, Recursos Humanos. São cursos mais teóricos, mas tem uma gama específica e bem ampla de mercado de trabalho”. 
O Centro Paula Souza existe desde 1969, encampando unidades de ensino já existentes e criando ETECs e FATECs desde então.
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://portalternura.com.br/.