13/08/2019 às 16h28min - Atualizada em 13/08/2019 às 16h28min

Do luxo ao lixo: a situação dos coletores em Ibitinga

Famílias trabalham e moram em aterro sanitário para ter uma renda mensal de R$ 600,00

Portal Ternura
Ibitinga não tem coleta seletiva administrada pela Prefeitura. Imagem: Robson de Rosa / PORTAL TERNURA
 
O aterro sanitário de Ibitinga expõe um contraste na situação do saneamento básico municipal. Enquanto a Estação de Tratamento de Esgoto começa a passar por testes antes de sua inauguração, os catadores da coleta seletiva municipal trabalham em condições precárias no aterro sanitário da cidade.
Cerca de 30 famílias trabalham no local. Algumas moram no próprio terreno do transbordo. Outras vão trabalhar e voltam para casa no final do dia. Mas em um geral, os trabalhadores dividem espaço com urubus na hora de fazer a coleta do lixo reciclado.
Os equipamentos que auxiliam na seleção do lixo que será aproveitado e repassado para empresas também representam um problema para os funcionários. A esteira era utilizada para deixar o lixo separado e com fácil visualização e está quebrada faz 10 anos. A compactadora (popularmente conhecida como prensa), que comprime o plástico facilitando o transporte, também não está em condições de uso.
Fabio trabalha há 30 anos como coletor e há 10 no aterro de Ibitinga. Ele explica que, sem a esteira, o trabalho não só fica dificultado como menos rentável para as famílias:
“Já nos chamaram na assistência social e falaram que já tinham conseguido a verba para arrumar, mas até agora nada. Com a esteira era sombra, o preço era melhor do material, porque lá em cima o plástico chegava mais solto, e aqui ele vem muito sujo e prensado demais. A gente nem consegue vender o plástico” afirmou o catador.
Os principais clientes que buscavam o plástico no local eram empresas de Araraquara e São Carlos antes de a esteira quebrar. Depois que a esteira quebrou, os catadores vendiam para um comprador de Itápolis e nos últimos meses somente para compradores independentes.
Nesse contexto as famílias sobrevivem com uma renda, em média, de R$ 150,00 por semana. Algumas das pessoas não tem família e começaram a trabalhar no aterro por não conseguirem trabalho em outros lugares. Como forma de aumentar a renda, os moradores tem uma criação de porcos no terreno.
O trabalho das famílias é dividido com urubus e cachorros: “Trabalhar aqui com os urubus não é fácil. Tem hora que os urubus trombam na gente, arranham e alguns machucam a gente mesmo” relata Fábio.

São cerca de 30 familias que hoje trabalham no local. Imagem: Robson de Rosa / PORTAL TERNURA
 
Cooperativa
O trabalho dos coletores é originalmente ligado à Cooperativa União dos Manipuladores de Resíduos Sólidos e Materiais Recicláveis de Ibitinga. Hoje, a cooperativa não está organizada e articulada, mas a ideia do vice prefeito, Frauzo Sanchez, é reestruturar a entidade a partir de uma terceirização:
 “Fomos conhecer Piracicaba, Araraquara, outros lugares que tem cooperativa, associação. Chegamos à conclusão que vamos ter que contratar uma empresa para reorganizar a cooperativa, reestruturar a cooperativa” explicou Frauzo.
Mesmo com a vontade de rearticular a cooperativa, a principal demanda dos catadores ainda é em relação aos equipamentos. Os catadores lembram que a Prefeitura já prometeu mais de uma vez que iria consertar os equipamentos, mas que até agora não foi cumprido.
O vice prefeito explicou que: “Nos últimos dois anos a gente apresentou um projeto no FEIDRO pra reformar o prédio, comprar equipamentos e vencemos o edital. Fomos contemplados e semana que vem deve sair o dinheiro para a reforma e compra dos equipamentos
O poder público local já chegou a contratar uma empresa para administrar a cooperativa. A empresa Alto Uruguai, de santa Catarina, venceu a licitação e foi a escolhida para os trabalhos. Segundo Frauzo, a empresa ficou quase 3 meses e não fez nenhuma alteração. A prefeitura rescindiu o contrato. A Alto Uruguai entro com um processo contra a administração local, o que ainda está na Justiça.
Até agora os trabalhadores esperam, pelo menos, por uma reforma nos equipamentos.

ETE de Ibitinga já está em fase de testes antes do lançamento. Imagem: Acervo Prefeitura 
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