09/08/2019 às 15h22min - Atualizada em 09/08/2019 às 15h22min

Taxa de homicídios em Ibitinga apresenta aumento desde 2007

Região de Ibitinga apresenta queda na classificação geral, porém a cidade apresentou índices acima da média estadual nos últimos 10 anos.

Portal Ternura
Por Lorenzo Santiago

Ibitinga tem a maior população flutuante da região por causa do comércio local. Foto: Diego Mádaro / PORTAL TERNURA 
 
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou o detalhamento do Atlas da Violência 2019 por municípios de todo o Brasil. A média divulgada para a cidade de Ibitinga foi de 6,3 mortes por 100 mil habitantes, número maior do que os dados apresentados em 2007 (6,01). Ainda assim, a cidade de Ibitinga teve uma das menores taxas da região. 
A cidade com o maior índice foi Tabatinga  (21 km de Ibitinga), com cerca de 16.159 habitantes (dados IBGE -Cidades), o município teve em média, 10,5 mortes por 100 mil habitantes, sendo registradas 2 mortes no período analisado. Mesmo com a maior média, o número representa uma queda em relação aos últimos anos, e chegou a ter em 2016 uma das maiores médias do estado, com 19,24 - acima da média estadual para aquele ano (14,01).
CURVA CRESCENTE
Ibitinga teve uma curva crescente nos últimos anos, mas que diminuiu na pesquisa realizada este ano. Em 3 anos diferentes, Ibitinga teve uma taxa de homicídios maior que a média estadual: 2010 (15,05), 2013 (14,15) e 2015 (13,88). A pesquisa divulgada pelo instituto é reforçada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. O órgão divulga mensalmente um relatório do índice criminal em todo o Estado. 
No mesmo período analisado (de 2007 a 2017), o número de inquéritos policiais instaurados na cidade de Ibitinga também apresentou curva similar. Saiu de 462 no ano de 2007, alcançou o ápice em 2015 com 764, mas caiu para 699 em 2017. Ainda assim, se comparado a 2007, representa um aumento de mais de 51%. 

Curvas que representam os principais índices criminais da cidade de Ibitinga de 2007 a 2017. Gráfico: Lorenzo Santiago
Segundo PM Plínio Augusto Filomeno, Comandante da 5ª Cia. Polícia Militar de Ibitinga, a corporação prepara sua atuação segundo o que é passado pela SSP: “Trabalhamos sempre com base no acompanhamento da incidência criminal. Isso é feito de forma diária, semanal e mensal. As ações que nós colocamos em prática sempre observam as tendências, seja de aumento, de queda ou manutenção de padrão. E as ações são desenvolvidas com mais ênfase em um delito ou outro de acordo com a própria incidência criminal”.
O aumento da criminalidade em Ibitinga pode ser explicada por uma série de fatores. Para o Ipea, o aumento dos índices criminais nas cidades com menos de 100 mil habitantes está diretamente relacionado às disputas comerciais dos grupos que controlam o tráfico de drogas, fator de maior índice de registros policiais.
Em 2015 o IBGE divulgou a pesquisa “Perfil dos Estados e Municípios Brasileiros 2014”, com indicadores em diversos setores sociais. A segurança apresentava dados relativos à proporção de policiais por habitantes em cada Estado. São Paulo tinha uma média de 1 policial para cada 488 habitantes, um número deficitário segundo a ONU, que coloca como ideal a média de 1 servidor para cada 450 civis. 
A REGIÃO
Depois de Tabatinga, a cidade que teve a maior taxa de homicídios foi Itápolis com uma taxa de 8,7. A 20 quilômetros de Ibitinga, Itápolis apresentou o maior índice nos últimos anos. Em 2016 a cidade de pouco mais de 42 mil habitantes alcançou uma média de mortes violentas de 18,8. Nos últimos 10 anos o município oscilou entre números altos e baixos (o menor índice foi 2,49). 
Borborema teve os menores índices entre as cidades da região. Na pesquisa deste ano, não foram registrados homicídios. Mas tem o maior desvio padrão dentre as analisadas. Ou não são registradas mortes violentas, ou o número é alto. Em 6 pesquisas dos últimos 10 anos, a taxa foi de 0,0. Nas outras 4 o número chegou a superar 13 homicídios a cada 100 mil habitantes. Borborema no último censo tinha 15.791 habitantes.
EFETIVO POLICIAL 
O número de policiais por municípios é determinado pelo comando de cada região e segue critérios específicos. “A distribuição do efetivo leva sempre em conta critérios objetivos,  como o número da população, o número de população flutuante, que é o caso de Ibitinga por conta da vinda de pessoas no final de semana. De segunda a quinta eu tenho um público X, e no final de semana eu tenho 2X por exemplo. E a gente leva a própria incidência criminal na área” conta o Capitão Filomeno. 
O relatório da SSP é o que norteia o destacamento de policiais em todo o Estado. Dependendo das necessidades específicas, um contingente de policiais é deslocado. Mas há outras formas de suprir as demandas. “Adotamos medidas diferentes para obter o resultado esperado. Por exemplo, se eu tiver uma avenida que preciso colocar o policiamento em 100 metros. Para ter uma visão ampla eu preciso colocar dois policiais para controlar. A partir do momento que eu não tenho esse policial eu preciso adotar uma outra estratégia. Eu coloco uma câmera de segurança. Então tem ferramentas de gestão que não necessariamente estão ligadas à quantidade de policiais. A gente tem a inteligência, no caso de Ibitinga o próprio GPS rural, que foi uma inovação nossa para controlar as ocorrências  em zonas rurais” explica Filomeno.  
CRITÉRIOS
A taxa de homicídios é determinada pelo número total de mortes causadas por agressões e intervenções legais - ações que partem das autoridades, seja por meio da polícia, exército ou outra corporação do Estado – sobre o número de habitantes de cada município. Esses critérios são usados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e interpretados pelo instituto como possíveis para se fazer a representação da violência no país.
Além deles, ainda foram considerados os homicídios ocultos, que são mortes sem causa identificada (MCVIs), que podem ser suicídios, acidentes e homicídios que o Ministério da Saúde não conseguiu estabelecer a causa correta.
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