09/11/2018 às 07h57min - Atualizada em 09/11/2018 às 07h57min

Izilda Furlaneto é finalista a Prêmio de Direitos Humanos 'Patrícia Acioli'

Projeto teve coautoria de estagiários e entrega da honraria será no Rio de Janeiro.

Portal Ternura
Foto: Arquivo Pessoal
 
‘A inscrição ao VII PRÊMIO AMAERJ Patrícia Acioli de Direitos Humanos foi uma iniciativa no qual busca tratar com respeito e dar dignidade aqueles que estão em situação de rejeição perante a sociedade’. Com essa proposta, Izilda Aparecida Furlaneto Ferreira, a escrevente técnico Judiciário de Ibitinga (SP), mais precisamente do Fórum na Vara Civil Especial, não imaginava que seria uma das finalistas na disputa ao prêmio.
A profissional de 60 anos contou com a ajuda de quatro estagiários que atuaram de forma intensa na execução do projeto, sendo eles: Ana Beatriz da Cunha, João Pedro Vitor Arantes, Paula Dantas Fernandes e Rafael Gaion Faustino dos Santos.
A disputa foi na categoria “ Práticas Humanísticas” e a ideia descreve a adequação de uma sala de espera, para escolta e presos, durante as audiências no Juizado Especial Criminal de Ibitinga-SP.
O Portal Ternura de Notícias conversou com a idealizadora, que na próxima segunda-feira, dia 12, irá para o Rio de Janeiro, na solenidade de entrega do importante prêmio, no qual está entre os finalistas – do 1º ao 5º prêmio, promovido pela Associação dos Magistrados daquele estado. Acompanhe a entrevista:Há quanto tempo essa prática adotada no projeto apresentado está em funcionamento?Há pouco mais de dois meses, desde 18.06.2018. Qual a principal inovação da sua prática?Tratar com respeito e dar dignidade aqueles que estão em situação de rejeição perante a sociedade, buscando trazer um alento físico, mental e espiritual a cada pessoa que por ali passar. Explique o processo de implementação da práticaA sala de PRESOS E ESCOLTA, como era denominada, era quase que um "quartinho de despejo", onde os presos se acomodavam entre tantas coisas ali deixadas: aspirador de pó, sacos de lixo, varal com panos de chão pendurados, cadeiras quebradas. Busquei a permissão do nosso Juiz Diretor, Dr. Júlio César Franceschet, que prontamente consentiu. Convoquei os estagiários(coautores) para darem idéias de como melhorar tudo aquilo. No início de maio começamos as providências, terminando em 18/06/2018, tendo sido modificada, singelamente, mas com efeitos muito substanciais: limpeza da sala, melhoria do layout, retirada de fios e canaletas, mudança da denominação para “Sala de Espera para Audiências – Presos e escolta”, decoração com quadros e plantas. Quais os fatores de sucesso da prática?A prática tem sucesso à medida que alcança o íntimo das pessoas que ali se acomodam por alguns momentos, rápidos sim, mas que produzem uma essencial mudança no sentimento de pertencimento e de inclusão social, como um ser humano, respeitado e digno, com esperanças de novas perspectivas de vida. Descreva resumidamente as etapas de funcionamento da práticaAo entrar, a mensagem de Renato Russo:"Quem me dera, ao menos uma vez, que o mais simples fosse visto como o mais importante!", já nos coloca todos no mesmo plano. Depois a mensagem do ho'Oponopono, que é milenar e ecumênica, toca o espírito, o inconsciente, modifica a atmosfera interna e externa do ambiente, alcançando a todos (presos, escolta, funcionários). Um vaso de planta, representando que a vida segue, com a passagem do tempo, produzindo coisas novas. Fica o exemplo de que, com pequenos gestos, conseguimos melhorar o mundo de todos. Incentiva a iniciativa de buscar novas maneiras de se fazer a mesma coisa, com resultados muito melhores. Quais as dificuldades encontradas?As maiores dificuldades foram as rejeições. Houve até quem comentasse: "Agora nóis vai dá água gelada pos preso!" Veio de quem menos se esperava! Está implantada a prática, mas ainda hoje nos deparamos com boicotes, porque encontramos na sala os mesmos objetos que outrora eram deixados ali, como depósito acrescentam-se sapatos, blusas, marmitas, placas de aviso "piso molhado", etc. Silenciosamente, recolhemos tudo, devolvendo ao ambiente a sua representatividade pois, a qualquer momento, um nosso irmão poderá estar chegando para uma audiência, merecendo ser, no mínimo, acolhido. Nos fale sobre a infraestrutura desse espaçoUma sala, medindo 4,40mX2,00m, com paredes de alvenaria em dois lados (comprimento e largura), com a pintura em péssimo estado, e divisórias de madeira nos outros dois lados, com melhor aspecto. O chão é coberto por uma forração na cor cinza. 3 Cadeiras; 1 quadro de Renato Russo, um kit com 4 quadros Ho’oponopono e 1 vaso pequeno com folhagem. E o orçamento investido?Foram investidos R$ 150 (cento e cinquenta reais) neste projeto. 
 
JUÍZA PATRICIA ACIOLI
 
Patrícia Lourival Acioli (Niterói, 14 de fevereiro de 1964 — Niterói, 12 de agosto de 2011) foi uma juíza brasileira assassinada por policiais que estavam sendo julgados por ela.
Na noite de 11 de agosto de 2011, Patrícia retornou de carro do fórum de São Gonçalo, onde trabalhava, para sua casa, no bairro de Piratininga, na cidade de Niterói. Ao chegar em sua residência, foi morta por dois homens.
O assassinato repercutiu em todo o Brasil e no exterior. O presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso, descreveu o ato como "um ataque ao governo brasileiro e à democracia" e ordenou uma investigação pela Polícia Federal O então governador, Sérgio Cabral Filho, prometeu investigação rigorosa do caso.
Segundo o que foi apurado pelas investigações, que foram conduzidas pelo Delegado Felipe Ettore e o Comissário José Carlos Guimarães da Divisão de Homicídios do Estado do Rio de Janeiro, o assassinato de Patrícia foi cometido por policiais militares insatisfeitos com sua atuação em relação a um grupo de agentes que atuava na cidade de São Gonçalo praticando homicídios e extorsões.Em abril de 2014, todos os onze policiais julgados no caso foram condenados pela Justiça.
Em 2012, a Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro criou o Prêmio Juíza Patrícia Acioli de Direitos Humanos. A premiação em homenagem à magistrada é aberta ao público de todo o país e visa promover um mergulho no amplo universo da Cidadania, na defesa do direito à vida, à liberdade, ao respeito, à igualdade e à segurança.
Em sua homenagem, o Fórum Regional de Alcântara, da comarca de São Gonçalo, foi nomeado como Fórum Juíza Patricia Lourival Acioli.
Juíza Patrícia Acioli - Foto: Reprodução / TV Globo
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