Mateus Ferreira foi ferido na cabeça durante protesto em Goiânia (Foto: Reprodução/Facebook)
A mãe do estudante Mateus Ferreira da Silva, de 33 anos, agredido em uma manifestação, Suzethe Barbosa, crê que o estado de saúde do filho vai melhorar. Ele passou por uma cirurgia que durou quatro horas para a reparação dos ossos do rosto após ser atingido por um cassetete de um policial militar. “O estado dele continua grave, mas acreditamos que ele vai se recuperar em breve”, disse.
Suzethe mora em São Paulo e veio a Goiânia acompanhar a situação do filho. ““A cirurgia foi bem, tiraram um pequeno coagulo. Mas a pressão dele está baixa, detectaram uma pequena pneumonia e ele segue sedado. Aguardamos agora para ele sair da sedação e ver como ele reage”, comentou.
O boletim médico divulgado pelo Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) neste domingo (30) informa que Mateus está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) sedado e intubado. Ele sofreu traumatismo cranioencefálico (TCE) e múltiplas fraturas.
A agressão contra Mateus ocorreu no início da tarde de sexta-feira (28), durante manifestações e greve geral realizadas em Goiânia. Na ocasião, mascarados entraram em confronto com policiais militares, momento em que o estudante foi atingido pelo golpe e ficou caído no chão. O agente saiu correndo e o rapaz recebeu os primeiros socorros de outros manifestantes.
Uma sequência de imagens mostra o momento exato em que ele é atingido no rosto por um cassetete, que estragou. A situação também foi registrada em vídeo.
Além da mãe, já estão em Goiânia o pai, irmão e irmã de Mateus. Segundo Suzethe, todos estão ainda muito abalados como caso e preferem não comentar sobre a agressão cometida pelo policial militar. “Prefiro não falar sobre isso nesse momento, precisamos focar na recuperação do meu filho”, disse.
Sequência de fotos mostra que cassetete de PM quebrou durante agressão a estudante (Foto: Arquivo pessoal/Luiz da Luz)
Em nota, o comando da PM diz que “condena veementemente todo e qualquer tipo agressão praticada por policias militares no exercício de sua função, não compactuando com atos que possam afrontar os princípios da ética, moral e legalidade”.
Ainda segundo o comunicado, “diante das imagens que circulam em redes sociais, que mostram a clara agressão sofrida por Mateus Ferreira da Silva, quando da intervenção policial militar, o Comandante Geral da Polícia Militar, Coronel Divino Alves de Oliveira, determinou a imediata abertura de Inquérito Policial Militar pela Corregedoria-PMGO com o objetivo de individualizar condutas e apurar responsabilidades”.
Ainda no comunicado, a PM afirma que quatro policiais militares foram feridos durante o confronto e foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) para serem submetidos a exames de corpo de delito.
Mateus foi atingido na cabeça por um cassetete durante protesto em Goiânia (Foto: Vitor Santana/G1)
Amigos de Mateus estão fazendo uma campanha para arrecadar doações em dinheiro para os familiares dele se manterem em Goiânia. A ação está sendo divulgada em redes sociais. O objetivo é tentar fornecer toda a ajuda que o Mateus e a família precisarem durante o processo de recuperação.
“Eles vão precisar de dinheiro para alimentação, hospedagem, para se manterem em Goiânia durante todo esse período de recuperação, que não sabemos quanto tempo vai levar”, disse a amiga de Mateus, Mariana Falone.
Segundo a jovem, pessoas de vários estados como Maranhão, Bahia e São Paulo estão participando da campanha e também divulgando o pedido de doações. Todo dinheiro será encaminhado para os familiares do Mateus.
O protesto em Goiânia começou às 8h de sexta-feira, em frente a Assembleia Legislativa de Goiás, no Setor Oeste. Às 10h10, os manifestantes começaram a caminhar em direção à Praça Cívica. De lá, seguiram para a Praça do Bandeirante, também no Centro. Segundo os organizadores, 15 mil pessoas participaram. Já a Polícia Militar não divulgou o número de manifestantes.
Participaram da manifestanção entidades como a Central Única de Trabalhadores (CUT), Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (Sindsaúde), Sindicato dos Policiais Civis de Goiás (Sinpol), Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), entre outras.
De acordo com o presidente da CUT em Goiás, Mauro Rubem, diversos serviços públicos foram afetados durante a paralisação. "Bancos e escolas, inclusive particulares, estão fechados. Vários órgãos públicos também aderiram ao movimento, como o Ministério Público Estadual, Ministério da Saúde, Ministério do trabalho", afirmou ao G1.
Durante o confronto, algumas agências bancárias que ficam no cruzamento da Avenida Goiás com a Anhanguera tiveram vidros quebrados por mascarados. Além disso, comerciantes da região fecharam suas portas, por volta do meio-dia, com medo de invasões e depredações, e só reabriram após o fim do protesto.
Amigos do Mateus, que preferiram não se identificar, disseram à TV Anhanguera que ele estava sem máscaras e não participou de nenhum ato de vandalismo durante o protesto. Porém, antes da agressão, é possível ver que o estudante estava sem camisa perto dos policiais. Momentos depois, ele aparece com um capuz e parte do rosto encoberto, junto a um grupo de manifestantes mascarados.
Fonte: G1