Os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo tiveram crescimento de 6,3 pontos percentuais em novembro deste ano, para 482,1% ao ano, informou o Banco Central nesta sexta-feira (23).
Além de ser a modalidade mais cara do mercado, os juros do cartão de crédito também atingiram o patamar mais alto da série histórica, que começa em março de 2011. Em outubro, os juros estavam em 475,8% ao ano. Na parcial deste ano, a taxa do cartão de crédito rotativo teve alta expressiva de 50,7 pontos percentuais e, em doze meses até novembro, registrou um forte crescimento de 66,8 pontos percentuais.
A modalidade de crédito do cartão rotativo, e também do cheque especial, de acordo com especialistas, só deve ser utilizada em momentos de emergência e por um prazo curto de tempo - devido ao seu alto custo. No caso do cartão de crédito, a recomendação dos economistas é que os clientes bancários paguem toda a fatura no vencimento para não deixar saldo devedor e evitar pagar juros.
No caso do cheque especial, informou o Banco Central, os juros médios cobrados pelos bancos nas operações com pessoas físicas voltou a subir em novembro deste ano, quando atingiu 330,7% ao ano. Esta também é a maior taxa desde o início da série histórica, em julho de 1994 - em outubro, ela estava em 328,5% ao ano.
Reportagem publicada pelo jornal norte-americano “The New York Times”, no fim de 2014, informou que os juros praticados em algumas linhas de crédito no Brasil “fariam um agiota americano sentir vergonha”, citando os cartões de crédito.
Estudo da consultoria Economática, divulgado em março de 2016, informa que a mediana da Rentabilidade sobre o Patrimônio (ROE) de todos os bancos brasileiros de capital aberto no ano de 2015 foi de 10,78%, contra 7,92% dos bancos dos Estados Unidos.
Quando se considera apenas os bancos com ativos acima de US$ 100 bilhões (Itau-Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Santander), a mediana da rentabilidade sobre o patrimônio dos bancos brasileiros foi maior ainda: de 20,06% em 2015.
O governo anunciou nesta semana que quer baixar os juros do cartão de crédito para mais da metade do patamar cobrado atualmente pelos bancos. Se a medida for implementada, os juros do cartão recuariam para menos de 240% ao ano - patamar que ainda é extremamente elevado para padrões internacionais.
A expectativa da equipe econômica é que isso possa acontecer ao final do primeiro trimestre de 2017, conforme anunciou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Segundo ele, serão necessários cerca de 90 dias para as medidas começarem a ser implementadas, "para já estarem totalmente em vigor no final do primeiro trimestre".
Para baixar os juros do cartão de crédito , segundo explicou nesta semana o presidente Michel Temer, a ideia é limitar o prazo para o pagamento do rotativo (que é quando é feito o pagamento do valor mínimo da dívida, com o parcelamento do restante) para até 30 dias. Hoje, esse prazo é mais longo, segundo o Ministério da Fazenda. Além disso, o governo pretende também que os juros para o restante da dívida, após o pagamento do rotativo, sejam menores que a metade do que se pratica atualmente.
Em nota, a Abecs, associação das empresas de cartões, disse que "a fixação do prazo de permanência do cliente no crédito rotativo para o máximo de 30 dias, aliada à disponibilização automática de alternativas de financiamento por meio do cartão, como o parcelamento da fatura" permitirá maior controle do consumidor e menor comprometimento da sua renda mensal.
Isso proporcionará, de acordo com a Abecs, uma "potencial redução da inadimplência e estimulando condições de mercado mais propícias para uma convergência da taxa de juros para patamares compatíveis com aqueles praticados no parcelamento da fatura".
Fonte: G1