07/06/2023 às 08h46min - Atualizada em 07/06/2023 às 08h46min

White Martins retira tanques de oxigênio da Santa Casa de Ibitinga sob mandado judicial

Dívidas do hospital com fornecedores são milionárias.

Portal Ternura
White Martins retira tanques de oxigênio da Santa Casa de Ibitinga sob mandado judicial. Foto: Divulgação/Santa Casa de Ibitinga
Esta história começa no dia 24 de maio de 2023, quando aos berros, VANESSA PULTRINI, Gestora da Santa Casa de Ibitinga (SP), desce a rampa que liga a entrada da entidade até a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), passando pelo berçário e demais alas.
Seus berros eram sobre a suposta traição do próprio grupo político, se referindo às promessas não cumpridas por Neto Arantes, filho da Prefeita Cristina e Secretário de Governo, por André Bazoni, Diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto, entre outros.
Vanessa estava irritadíssima e ficou mais ainda quando chegou até ela que a Vigilância Sanitária faria uma inspeção na cozinha da Santa Casa no dia seguinte devido a denúncias dos próprios funcionários de que os alimentos estavam mal conservados e/ou vencidos.
Vanessa Pultrini e mais três colegas ficaram até altas horas da madrugada lavando e arrumando os mantimentos, tirando aqueles que estavam vencidos, para evitar uma punição ou multa da Vigilância Sanitária. De fato, no dia seguinte, o órgão compareceu e fez uma inspeção geral na cozinha do hospital. O resultado da perícia ainda não foi divulgado.
A forma agressiva, os berros e palavrões, chamando de traidores aqueles que esperava fidelidade, foram ouvidos por pacientes e funcionários, e por fim, chegando aos ouvidos dos supostos traidores de Vanessa.
Irritado, um dos “amigos de Vanessa”, fez chegar a nossa Equipe de Reportagem aquilo que a gestora tenta esconder de todos: a Santa Casa de Ibitinga está mal financeiramente, apta a quebrar e devendo para farmacêuticas, laboratórios, fornecedores de oxigênio, entre outros.
As cobranças são diárias e a situação é tão grave que a própria Vanessa, não aguentando mais cobranças e questionamentos e nem tendo mais desculpas para arrumar, chega a bloquear, no celular e no WhatsApp, as empresas e fornecedores até que arrume dinheiro para pagar um ou outro.
No ano passado, o Diretor da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) de Araraquara (SP) esteve em Ibitinga para cortar a Energia Elétrica da Santa Casa, que tinha como débito centenas de milhares de reais em atraso.
 
EM MEIO À CRISE FINANCEIRA, A SANTA CASA ESTÁ INCHADA DE FUNCIONÁRIOS DE CONFIANÇA E SEM MÉDICOS E REMÉDIOS PARA A POPULAÇÃO
Um dos principais motivos da derrocada financeira da Santa Casa são os funcionários contratados em cargos de confiança, que têm salários entre R$ 3 mil e R$ 5 mil, enquanto os funcionários concursados, alguns deles com quase 30 anos de serviço, recebem R$ 1,7 mil de salário.
Só na semana passada, a Santa Casa empregou mais 7 funcionários, sendo 4 deles para trabalhar no aparelho de raio-X, que ainda não chegou ao hospital e que foi adquirido graças a Emendas Impositivas dos vereadores. Os outros 3 funcionários sequer sabiam onde iriam trabalhar ou que iriam fazer. Foram convidados a sentar em cadeiras e esperar para ver onde poderiam encaixá-los.
O inchaço vem sob ordem da Administração Municipal que, não tendo mais vagas em cargos de confiança, encontrou na Santa Casa um “guarda-roupas” para pendurar os “cabides de emprego”. Estima-se que mais de 150 funcionários contratados sejam cargos de confiança.
Além do inchaço de funcionários em cargos de confiança, e seguindo o exemplo da atual administração, várias casas foram e vem sendo locadas pela Santa Casa. O que é pago de aluguel daria para construir em pouco tempo unidades próprias para coleta de sangue, farmácia popular, departamento financeiro, entre outros. Hoje todos estão em prédios locados pela Santa Casa.
Esse dinheiro gasto com locações poderia também ajudar a suprir a falta de médicos, remédios e agilizar os exames de pacientes que chegam a esperar até 1 ano nas filas.
 
DÍVIDA MILIONÁRIA E IMPAGÁVEL DA SANTA CASA
Dívida milionária da Santa Casa de Ibitinga que consta na "Relação de Inscrições em Dívida Ativa". Imagem: Divulgação
Na "Relação de Inscrições em Dívida Ativa" da Santa Casa conta o valor milionário de R$ 13.819.391,78. (treze milhões, oitocentos e dezenove mil, trezentos e noventa e um reais e setenta oito centavos).
Desse valor não consta os milhões que a Santa Casa deve em acertos trabalhistas, INSS e FGTS dos funcionários, que não têm um real depositado.
Com essa Dívida Ativa junto à União Federal e Estadual, a Santa Casa não consegue fazer ou receber convênios ou repasses, o que fragiliza ainda mais a situação.
Vale ressaltar que os acertos trabalhistas daqueles que são demitidos pela Santa Casa, depois de acordo judicial, apenas a primeira ou a segunda parcela são recolhidas. A partir daí, o trabalhador fica sem nada. Muitos deles procuram sua aposentadoria, porém, não conseguem porque o INSS não foi recolhido pela entidade. Trabalham e dedicam sua vida, sem direito sequer à aposentadoria.
E enquanto outras cidades da região, como Tabatinga (SP) e Borborema (SP), já estão pagando o NOVO PISO SALARIAL DA ENFERMAGEM, a Santa Casa não tem qualquer previsão e muito provavelmente não deverá pagar este ano. Tudo isso porque o Sistema Rais, que leva informações sobre as despesas do município ao Governo Federal, não foi alimentado.
 
WHITE MARTINS RETIRA TANQUES DE OXIGÊNIO DA SANTA COM MANDADO JUDICIAL DEVIDO À DÍVIDA MILIONÁRIA
 
As dívidas da Santa Casa com a distribuidora de oxigênio White Martins vinham aumentando mês após mês e o Processo de Execução Judicial de Cobrança pela empresa estava correndo na Justiça. A dívida é milionária e diante de um mandado judicial, a empresa mandou retirar todo o seu material do hospital, entre eles tanques de oxigênio, na semana passada.
Já antevendo que a Santa Casa ficaria sem oxigênio, baseada nos trâmites judiciais e sem crédito para comprar o oxigênio de outras empresas, a gestora Vanessa Pultrini negociou, às pressas, a aquisição de uma usina própria de oxigênio.
Pelo valor ainda não divulgado, a Santa Casa pagou mais de R$1 milhão pela usina. A negociação da aquisição, como valores pagos, licitações e notas fiscais, foram solicitados pela Câmara Municipal, que aguarda a chegada dos documentos, para avaliar de onde saiu o dinheiro para efetuar a compra e qual a empresa que vai fornecer o equipamento.
 
QUARTOS DE MATERNIDADE REFORMADOS HÁ 1 ANO QUE NÃO SÃO ENTREGUES PARA VIRAR CAMPANHA POLÍTICA EM 2024
Na ala de Maternidade, desde o ano passado, existem os quartos 16, 17, 18, 19 e 20, que foram reformados há mais de um ano. Os espaços estão prontos, porém continuam com as portas fechadas para virar argumento político em 2024.
Enquanto isso, as mães que deram luz ficam hospedadas em quartos simples, próximo ao barulho insuportável da lavanderia. “É praticamente impossível descansar nesses quartos devido a conversas em voz alta e ao barulho das máquinas trabalhando”, disse um dos funcionários à equipe de reportagem do Portal Ternura de Notícias, que pediu para não ser identificado por receio de retaliações.
 
A ALA 2
Nossa reportagem ouviu, ainda, uma suposta denúncia de superfaturamento de dois quartos que também já foram reformados na Ala 2 da Santa Casa e que também não foram entregues para virar motivo de campanha eleitoral no ano que vem, embora estejam prontos há tempo e sendo usados, sem alardes, por pacientes de maior poder aquisitivo.
As denúncias se referem à aquisição dos móveis desses quartos, fabricados sob encomenda. Segundo relatos ouvidos pela reportagem, sob a condição de sigilo, a mobília de cada quarto ficava em aproximadamente R$ 15 mil, porém, as notas solicitadas são de valores bem maiores do que isso, algo próximo a R$45 mil. A informação será apurada.
 
VEREDORES DA BASE DA PREFEITA REJEITAM RQUERIMENTO SOBRE A VISTORIA DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Na noite de terça-feira (06), os vereadores da base da Prefeita Cristina Arantes, liderada por Fernando Inácio, trabalharam para que um requerimento solicitando os laudos da vistoria da Vigilância Sanitária entregue aos parlamentares não fosse aprovado.
Ao final da votação, o requerimento foi reprovado. Mais uma vez, a base da prefeita atuou na Câmara Municipal de Ibitinga. Votaram contra: Fernando Inácio, Janaína Bastos, Alliny Sartory, Célio Aristão e Zé Nilson.
Uma das justificativas do vereador Fernando Inácio foi de que a denúncia era anônima. Esquece o vereador que qualquer canal de denúncias, de qualquer departamento público, dá a opção da denúncia ser feita de forma anônima para proteger o denunciante de punição e perseguição, por exemplo.
O que mais chama a atenção é que os “Vereadores da Base”, que foram eleitos pelo povo para fiscalizar, são contra qualquer tipo de fiscalização. Ou seja, eles não estão representando o povo que os elegeu e sim a prefeita.
 
FERNANDO INÁCIO CHAMA POPULAÇÃO QUE PRECISA DA REDE DE SAÚDE PÚBLICA DE “FAKE NEWS”, ALEGANDO QUE A SAÚDE DE IBITINGA ESTÁ DE PARABÉNS
Vereador Fernando Inácio. Foto: Divulgação/Câmara Municipal de Ibitinga
O vereador Fernando Inácio sugeriu ainda que a falta de médicos, demora no atendimento de pacientes e falta de remédios, todos casos citados pela própria população de Ibitinga, são “Fake News”, e que a Saúde Pública da cidade vai muito bem.
 
A RELAÇÃO PROXIMA DE FERNANDO INáCIO E VANESSA PULTRINI CHEGA À BEIRA DO ABSURDO.
É válido ressaltar, ainda, que o vereador Fernando Inácio mandou uma moção de aplausos à Vanessa Pultrini pelo seu “belo trabalho diante da Covid-19”.
Ibitinga registrou, até março de 2022, 301 óbitos pela doença e foi uma das cidades onde mais morreram pacientes da região.
No momento agravado da pandemia, as famílias tinham medo de levar parentes para serem internados na Santa Casa diante do inúmeros casos de pacientes que entravam vivos e saiam mortos.
Será que essas 301 famílias de luto também acharam ótimo o serviço prestado pela Santa Casa e pela gestora Vanessa Pultrini?
Vanessa Pultrini, gestora da Santa Casa de Ibitinga. Foto: Portal Ternura
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