05/04/2023 às 15h11min - Atualizada em 05/04/2023 às 15h11min

Dr. Vidal Haddad é homenageado no Centro de Especialidades Médicas de Ibitinga

CEM recebeu o nome do médico que se dedicou à área da saúde da cidade por muitos anos.

Portal Ternura
Dr. Vidal Haddad é homenageado no Centro de Especialidades Médicas de Ibitinga. Foto: Divulgação/Prefeitura de Ibitinga
Na última sexta-feira (31), houve o descerramento da placa do Centro de Especialidades Médicas (CEM) de Ibitinga (SP), que agora recebeu o nome do médico Dr. Vidal Haddad.
A cerimônia contou com a presença de representantes do Poder Público, da Santa Casa e do próprio CEM, além de familiares e amigos do renomado médico, que atuou na área da saúde do município por muitos anos.
O Dr. Vidal Haddad nasceu em Ibitinga e foi estudar medicina no Paraná. Exerceu a profissão fora do país por alguns anos, mas retornou a Ibitinga, onde foi chefe do Centro de Saúde e atuou na Santa Casa de Ibitinga por cerca de 35 anos.
Muito querido pela população, o médico sempre olhou pelos mais humildes e foi destaque como presidente do Rotary Club de Ibitinga.
Homenagem
Durante a cerimônia, a neta do Dr. Vidal Haddad, Juliana Raineri Haddad, representando toda a família, fez um discurso em homenagem ao avô. Confira na íntegra:
"Hoje eu recebi uma incumbência grandiosa, falar sobre o meu avô. 
Esses dias eu li um livro, Torto arado de Itamar Vieira Júnior. Dentre outros temas esse livro falava muito sobre o pai das protagonistas, um homem negro em um Brasil pouco após o fim da escravidão. A narradora conta desse pai com uma paixão singular. Conta que ele recebeu da mãe um castigo: lidar com as dores humanas, mas também uma dádiva: curar as dores humanas. Sem formação, mas dotado de fé e dos conhecimentos do povo, foi parteiro, cirurgião, psiquiatra. Curou males do corpo e do espírito. Recebia galinhas, laranjas e outros regalos. Quando de sua morte faziam-se filas para as duras despedidas. 
Enfim, vale a pena a leitura. Esse livro me fez pensar sobre meu avô. Me fez pensar no que é receber o castigo da dor humana, mas o dom da sua cura. Me fez pensar nas histórias incontáveis que já ouvi sobre ele. Meu vô escolhia nomes para bebês recém-paridos. Já conheci uma Janaína que foi feita Janaína porque ele quis, e a mãe se orgulha muito da homenagem feita. Conheci gente que falou dele com lágrimas nos olhos segurando nas mãos do meu pai. Conheci gente que deu galinhas, frutas, e golinhos de pinga em troca das curas. 
Me fez pensar na medicina e em como a cura atravessa o espaço do físico. Como a cura vem do afeto, da atenção. Um placebo e uma boa conversa podem operar milagres.
Me fez pensar em uma medicina que não foi escolhida, mas que o escolheu. Na medicina que não era profissão, mas sua vida, parte da composição genética do seu ser. Da medicina fora do Instagram, da #medicinaporamor e da pior de todas, da #medicinapelodinheiro.
Meu vô não ficou rico com a medicina porque curar era a sua vida. E aquele que se dedica à cura não escolhe a quem curar, não escolhe cor, credo, muito menos classe social. Eu tinha 4 anos quando meu avô se foi, e apesar de não parecer, eu já estou beirando os 30… Mas em todos esses anos que nos separam sua memória sempre esteve viva em mim,  e viva em nossa cidade que hoje celebra mais um ato de amor e respeito a sua história. 
Meu vô Vidal e o Seu Zeca Chapéu grande do livro que eu citei tem a instrução formal por assim dizer que os diferencia. Mas  Seu Zeca e Meu vô cuidaram daqueles que precisavam, daqueles em quem o estado muitas vezes nem chegava. Curaram as dores da alma, do coração, do espirito. Quando da morte do meu vô também formaram-se filas para as despedidas. E, suas memórias permaneceram vivas. A de seu Zeca nos contos da filha Bibiana. As do meu avô, aqui nesse conto, nessa placa aqui na parede, no coreto, nos corações daqueles que foram tocados por ele e atravessam revivendo todos os dias nessa grande prole de médicos haddads. 
Agora para concluir, eu prometo, vou ler uma poesia do meu tio, que tomei a liberdade de adpatar
Meu vô acreditava em benzeduras
Acreditava também em ervas que curam
E na vida em suas delirantes expressões
Andou muito sob as estrelas de sua cidade
Indo e voltando da Santa Casa 
Onde exercia o ofício de colocar gente no mundo
Não quis dinheiro, quis curar pessoas
Pago com leitoas, frangos caipiras ou só carinho
Coisas que não existem mais...
No guardanapo, a receita certeira,
No bar lotado, o carinho de tantos
A cidade pequena e atenta.
Criou galos e polêmicas, 
Curou dores de todos os tipos
E dizia que a melhor dor é a do parto
Pois é a única que trará alegria...
Hoje, passeia invisível pelas noites vazias
E senta no coreto que tem seu nome
A cidade, maior, ainda assim não o esquece
E ele jamais a deixará..."
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://portalternura.com.br/.