Em agosto deste ano, o portal g1, da Rede Globo, divulgou a investigação realizada pela Senacon e pela Polícia Federal a pedido do Ministério da Justiça, a qual indicou que água de Ibitinga possui substâncias químicas prejudiciais à saúde.
Na ocasião, o jornalista Robson de Rosa falou sobre o assunto no Cafezinho Amargo e a pauta também foi divulgada pelo Portal Ternura de Notícias. Confira a matéria na íntegra abaixo!
Em agosto, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e a Polícia Federal iniciaram uma investigação sobre a qualidade da água em 1.994 cidades do Brasil. A ação foi uma solicitação do Ministério da Justiça e, dentre os municípios, está Ibitinga (SP) e a autarquia responsável pelos serviços de abastecimento das casas, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE).
O jornalista Robson de Rosa utilizou o espaço do Cafezinho Amargo, programa do Grande Matutino, para falar sobre a atual situação do SAAE; nesta segunda-feira, já com os resultados da investigação, o tema volta a ser assunto do jornal. No dia 22 de agosto, segunda-feira passada, o jornalista disse que a água de Ibitinga era cancerígena devido à falta de investimento na rede de abastecimento e também devido à lacração da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).
Estação de Tratamento de Esgoto de Ibitinga está lacrada. Foto: Portal Ternura
Pela experiência jornalística de mais de 30 anos no mercado, Robson de Rosa teve o feeling de que algo aconteceria em relação ao SAAE nos últimos dias e alguma notícia ruim surgiria. Mas, ao contrário do que alguns falam na cidade de Ibitinga, não é o jornalista que estava falando do assunto por “politicagem barata”. O tema foi pauta do Portal g1, da Rede Globo, a maior rede de comunicação do Brasil.
No dia 25 de agosto, o g1 soltou a matéria intitulada “Cidades do centro-oeste paulista aparecem em investigação federal sobre má qualidade de água distribuída à população”
Resumindo, a água de Ibitinga, oferecida pelo SAAE, é cancerígena. Das mais de 1.200 cidades que tiveram a água analisada, inclusive, apenas Ibitinga e Borborema apresentaram laudos com problemas na água, como substâncias químicas radiológicas prejudiciais à saúde acima do volume máximo permitido. No caso de Ibitinga, trata-se do amianto.
A matéria do g1 diz que a investigação constatou “a presença de substâncias químicas e radiológicas prejudiciais à saúde humana que foram detectadas em volume acima do permitido”.
Diz, ainda, que “o laudo acrescenta que a ingestão de água com a presença desses contaminantes pode estar associada a doenças ou distúrbios como câncer, doenças na pele, doenças cardiovasculares, metahemoglobinemia em crianças, distúrbios gastrointestinais, dentre outros”.
Na matéria, o g1 também destaca que “a nota divulgada pelo ministério acrescenta que a população não precisa temer o risco de doenças graves ‘de forma imediata’, e que medidas adotadas visam prevenir um cenário em que o consumo continuado dessas substâncias possa trazer riscos à saúde pública”. O que não é o caso de Ibitinga, que já vem consumindo essa água há décadas.
A matéria também diz que “as amostras são referentes ao controle de qualidade na saída do tratamento ou nos sistemas de distribuição de 8.856 unidades de tratamento de água, localizados em 3.342 municípios, que tiveram dados lançados no Sisagua nos últimos cinco anos.”
Ibitinga aparece na lista divulgada pelo g1 Bauru. Acima, também é possível ver o nome de Borborema. Imagem: Divulgação/g1 Bauru
E o Portal Ternura reafirma: de toda a nossa região, contam na lista apenas as cidades de Ibitinga e Borborema. E no caso da Capital do Bordado é porque falta ou nunca existiu qualquer investimento da Administração Pública, Prefeitura Municipal, gestão do SAAE, em se preocupar com a troca da rede de água antiga, que já está com quase meio século de existência e foi construída de tubos de amianto.
E você sabia que o câncer provocado pelo amianto mata mais de 200 mil pessoas por ano no mundo? E que o material é o principal responsável por câncer de pulmão no Brasil, e também por diversos outros tipos de câncer como, por exemplo, câncer de laringe, do trato digestivo e de ovário, dentre outros problemas de saúde?
E mais: o amianto foi BANIDO de ser utilizado na indústria brasileira por ser um produto que traz tantos malefícios à saúde no dia 29 de novembro de 2017. Ou seja, cerca de 1 ano após a entrada da atual Administração na Prefeitura de Ibitinga, comandada por Cristina Arantes, Frauzo Ruiz Sanches, Antônio Carlos Feitosa e Luizinho Sacola, dentre outros.
Como chefes municipais, e com um Departamento Jurídico à disposição dentro da própria Prefeitura, eles não podem alegar que não sabiam que o amianto está proibido no Brasil há quase 5 anos.
E não fizeram por descaso, porque obras debaixo da terra não aparecem e, consequentemente, não dão votos. Deixaram a população à mercê do risco de doenças como o câncer, mesmo sabendo da proibição.
Matéria do portal R7, da Record, a respeito da proibição do amianto no Brasil. Imagem: Divulgação/R7
Matéria veiculada na Revista Veja sobre os prejuízos que o amianto pode acarretar à saúde. Imagem: Divulgação/VEJA
Casos de câncer em Ibitinga são maiores que em outras cidades da região
No Hospital Amaral Carvalho (HAC) de Jaú (SP), a cidade de Ibitinga é tida, de forma proporcional à população, como um dos municípios com mais números de paciências com câncer atendidos na unidade.
Os médicos, ao longo da história, muitas vezes questionam o porquê da cidade ter tantos casos da doença e muitas vezes já se posicionaram dizendo que talvez a água seria cancerígena.
E a procura por serviços dentro da cidade também está aumentando. O Diretor da Casa Cahic, apontou que a procura de pacientes e familiares aumentou nos últimos meses, fazendo com que as despesas da organização aumentassem junto, chegando ao ponto da instituição não conseguir mais se manter sem a ajuda da população; eles estão com as portas para fechar por falta de recursos, desde alimentos, a dinheiro.
Além disso, o número de pessoas atendidas pelo GACCI também aumentou. Só a organização está atendendo cerca de 240 pacientes, sendo 115 ativos (em tratamento e que recebem auxílio mensal) e 125 que estão em “alta temporada”, fazendo acompanhamento.
E não para por aí! Surpreenda-se: o número de animais com câncer na cidade, principalmente cães e gatos, também é “assustador”. O jornalista Robson de Rosa conversou com um profissional da área veterinária e soube que Ibitinga também é um dos municípios com mais casos de câncer em pets da região. E lembre-se de que os animais tomam água de torneira.
Mas quanto custa uma obra dessa?
Neste ponto do texto, uma das perguntas que você pode estar se fazendo é “A Prefeitura teria condições financeiras de trocar a rede de água?” A resposta é sim... teria condições de trocar a rede de agua e não fez porque não quis.
Só para a população ter noção, entre 2021 e 2022 a Prefeitura repassou ao SAAE mais de R$16 milhões. E m números exatos:
O que espanta é que o SAAE, por ser uma autarquia, teria de se manter sem a ajuda da Prefeitura, como sempre foi no passado. O órgão sempre teve sua autonomia financeira e tem a obrigação de ser independente, mas tudo mudou com a entrada da atual Administração.
O dinheiro foi investido por meio de justificativas duvidosas e zero investimentos na cidade. E o Portal Ternura volta a repetir: em meio a tudo isso, uma rede de abastecimento de água construída de amianto e uma Estação de Tratamento de Esgoto lacrada.
Ibitinga recebeu R$7 milhões do Governo Federal para arcar com a pandemia da Covid-19, dinheiro que sumiu e ninguém sabe onde foi parar. Nenhum respirador de ar foi comprado com o valor; os que chegaram à cidade foram doados pela Maçonaria, pelo Manelão e outros empresários da cidade.
Agora faça as contas: R$16 milhões para o SAAE que, se fosse bem administrado, não precisaria de um centavo, como nunca antes precisou. Mais milhões para a terceirização de empresa de leitura de água, que até hoje a população não entendeu.
Surgiu em Ibitinga, inclusive, a piada de que “as pessoas que realizam esse serviço são videntes”, uma vez que chegam contas de um ou dois meses à frente para que a população pague, como se adivinhassem quanto cada um gastará de água nas datas em questão.
E isso é um casso recorrente, uma vez que a Prefeitura terceirou praticamente todo o serviço público que era feita pelos funcionários do almoxarifado, como pintura, limpeza urbana, capinação, consertos elétricos, iluminação publica, jardinagem, telhados, obras.
E coincidentemente quem ganha esses milhões gastos para isso é uma empresa de Ibitinga, a KISA, cujo proprietário é o “Kibe”, muito próximo do Secretário de Antônio Carlos Feitosa. São milhões de reais, mas o Ministério Público sentiu maldade no esquema e abriu uma investigação civil sobre o caso.
Ministério Público X KISA. Imagem: Divulgação
Somando os R$16 milhões enviados ao SAAE, o valor pago para a terceirização para leitura de contas de agua, os milhões pagos à terceirização dos serviços públicos que antes eram feitos pelos funcionários concursados e hoje a grande maioria quem faz é a KIZA, acrescente os estacionamentos de ônibus que agora vêm sendo feitos em todos os lugares, até dentro da prefeitura, a compra de um terreno R$ 690 mil em frente ao teatro para construir mais estacionamentos... Daria e sobraria dinheiro para trocar a rede de amianto que abastece a cidade.
Na edição do Cafezinho Amargo, o jornalista Robson de Rosa deixou um conselho: “não tome agua de torneira, não faça isso. Não é o ‘Robson de Rosa’, mas, sim, a Polícia Federal e o Ministério da Saúde que está dizendo”.
